terça-feira, 6 de setembro de 2011

Liderança Inovadora - Uma questão de Treino




Na palestra que encerrou o Fórum HSM de Gestão e Liderança 2010, realizado nos dias 6 e 7 de abril, o indiano Ram Charan mostrou sua visão de como se constrói e mantém uma liderança e não poupou exemplos práticos para comprovar suas teses. Durante as três horas de sua sessão dupla, discorreu sobre as características necessárias para um líder em diversas esferas e propôs atividades que fizeram os participantes interagirem com ele e entre si. Seu objetivo foi demonstrar diversas ações e exercícios para o desenvolvimento dos líderes e para que cada espectador decidisse colocar em prática em sua vida profissional ao menos dois deles. “Nenhum atleta transforma-se em campeão sem treinar. É o mesmo com a liderança.”
O consultor começou explicando que mesmo com o mundo em constante mudança e com as funções em uma empresa precisando sofrer adaptações, algumas características e habilidades dos líderes são atemporais. “O líder inspira os outros a cada encontro, a cada momento. Aliás, liderança não tem a ver com si próprio, tem a ver com os outros, criar uma conexão emocional, entender o que o outro pensa e sente, ser sincero. E é uma pessoa que está sempre aprendendo, nunca torna sua mente obsoleta, que não tem medo de passar isso para os outros, de fazê-los crescer, de ter um sucessor. Isso é assim há 10, 50, 100 anos e sempre será”, resumiu.
Ao destrinchar cada uma dessas habilidades, Charan provocou a platéia diversas vezes. Em uma delas perguntou quem tinha um programa de aprendizado pessoal e, diante de poucas respostas positivas, explicou que a questão nada tinha a ver com escolas. Há outras maneiras de se obter conhecimento e crescimento, o que põe de lado desculpas de falta de tempo. O Google e a internet são uma das ferramentas possíveis para essa atualização profissional, que o palestrante explica que funciona muito melhor quando a pessoa escolhe uma determinada área e põe todos seus esforços e focos para ser o melhor naquela habilidade específica.
O exemplo da vez foi Sam Walton, fundador do Walmart que, sem a escola formal, tornou-se estudioso do varejo e do comportamento do consumidor por meio de livros e revistas para transformar a empresa em um império lucrativo dentro e fora dos EUA, desbancando concorrentes como K-Mart e Sears.
Charan seguiu sua apresentação mostrando na prática a importância da troca de informações e da reflexão. Pediu que os participantes se juntassem em grupos de três a quatro pessoas para discutirem as tendências inexoráveis do mundo de hoje.
Foram apontadas questões como a maneira de se comunicar – hoje mais rápida e abrangente, e o aumento do poder aquisitivo das camadas mais baixas da população mundial, sobre as quais ele fez a seguinte análise: “Antigamente os agricultores tinham o preço da colheita definidos pelos intermediários e hoje podem até definir isso direto com o consumidor, por celulares e internet. Ganham mais e a exploração diminuiu e se sentem livres quando usam esses equipamentos. Sobre o consumo, isso levará a mais necessidade de produção e os recursos estão cada vez mais concentrados em poucos países ou poucos conglomerados. São questões que merecem mesmo a reflexão de todos os líderes para saber como isso pode afetar a sociedade e seus negócios”.
Dessa maneira, ele chegou ao ponto de que o mundo está constantemente em reinvenção. E que eventos como os que geraram a última crise econômica vão se repetir sim. “O mundo está se reajustando, há uma competição por mercados, recursos, reservas, o Hemisfério Sul está mais poderoso, o consumo está diferente. O líder atua como arquiteto de uma estratégia que deve trabalhar a partir do consumidor. Você precisa treinar e educar os outros para a inovação e para a produtividade”. Antes de concluir a primeira etapa de sua apresentação, fez questão de reafirmar a semelhança entre o esporte e a gestão: “É uma corrida, pratique.”
HSM Online